O ministro das Finanças do Brasil, Fernando Haddad, anunciou que o governo de Brasília está a preparar-se para amplas negociações tarifárias com os Estados Unidos, com discussões prestes a incluir questões comerciais importantes relacionadas com o açúcar e o etanol. O ministro não esconde que a complexidade deste processo, já que ele se insere no campo dos conflitos comerciais generalizados dos EUA com outros países e blocos económicos.
As tarifas potenciais dos EUA sobre o etanol brasileiro foram, por sua vez, consideradas irracionais pelo Ministro da Energia e Minas do Brasil, Alexandre Silveira, que destacou o contexto histórico das negociações comerciais de etanol e açúcar entre os dois países. Recorde-se que o Brasil, um dos principais produtores globais de açúcar, obtém o seu etanol principalmente a partir da cana-de-açúcar, o que contrasta com a produção de etanol à base de milho dos EUA.
Os mais recentes dados estatísticos mostram que as exportações de açúcar do Brasil são uma componente essencial do seu portefólio comercial, e quaisquer alterações nas tarifas podem vir a ter um impacto significativo no setor. As autoridades brasileiras argumentam que as tarifas dos EUA sobre as importações de açúcar, que excedem as tarifas do Brasil sobre as importações de etanol, são desproporcionalmente elevadas.
Fernando Haddad indicou ainda que as bolsas de serviços, onde os EUA são um exportador significativo em comparação com o Brasil, também podem tornar-se um ponto focal nas negociações. Reiterou a estratégia de Brasília em procurar a reciprocidade em vez da retaliação nas negociações comerciais, com uma revisão abrangente da agenda de importação e exportação do Brasil atualmente em curso.
Entretanto, as exportações e a produção de aço do Brasil poderão cair 11% e 2%, respetivamente, em 2025, devido às tarifas de 25% impostas pelo governo norte-americano sobre todo o aço importado, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisa Económica (Ipea).
O declínio na produção de aço resultante da imposição de tarifas por parte de Washington está estimado em 700 mil toneladas ao ano, levando a uma perda de exportação de 1,6 milhões de toneladas. No ano passado, o Brasil foi o maior fornecedor de aço semiacabado dos EUA, enviando 3,4 milhões de toneladas de placas, o que representou quase 80% do total das suas exportações.